quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Trabalho Acadêmico

Le parkour

Essa é uma matéria que fiz para a aula de Jornalismo Multimídia, lesionada pelo jornalista e professor Fabrício Marques, sobre a arte francesa do Le Parkour. Foi uma experiência diferente, por se tratar de um tema não tão popular, se aprende muitas coisas com esse tipo de matéria.

Criado na França no fim da década de 90, o Pakour, é uma arte confundida por muitos como um esporte, que consiste em se locomover da forma mais rápida e eficiente ultrapassando obstáculos – que variam desde carros até paredes de mais de 2 metros – de um ponto a outro.

Essa modalidade ficou mundialmente popular nos últimos cinco anos devido ao grande número de vídeos de praticantes que acabaram divulgando a arte. O Brasil já possui uma grande equipe organizada, a Le Parkour Brasil, além de outras, menores, representando várias cidades. Na cidade de Campinas também há um bom número de praticantes – traceur, o praticante masculino; traceuse, a praticante feminina. A ParkourCampinas possui um videolog e uma comunidade oficial no site de relacionamentos Orkut, onde divulgam o seu trabalho.

A criação dessa arte foi inspirada originalmente pelo método militar francês parcours du combattant (percurso de obstáculo) e pelo methóde naturelle (método natural de educação física) que o criador do parkour, David Belle, aprendeu com o seu pai, um ex-soldado, e que depois incrementou com técnicas de artes marciais orientais e ginástica.

Como afirma o próprio criador, o parkour possui muitas semelhanças com as artes marciais, por isso ser considerado uma arte e não um esporte. Possibilita o auto-conhecimento; desenvolve coordenção motora e concentração; possui movimentos básicos e combinados, todos registrados com nomes oficiais, o que já descarta a idéia comum entre os leigos de que a arte nada mais é do que “escalar paredes” sem qualquer técnica; etc.

Muitos acreditam que essa atividade precisa ser acrobática e acabam o confundindo com o free running, praticado incialmente pelo também francês Sébastien Foucan - que também ajudou David Belle a desenvolver sua arte. Nessa modalidade os movimentos acrobáticos são essenciais. De acordo com a “filosofia” de David Belle, a ativdade tem que ser eficiente e totalmente objetiva, já que é baseada em métodos militares de perseguição e fuga. Por isso não necessita de saltos acrobáticos.

Praticantes de parkour constantemente são convidados ou contratados para realizar cenas em filmes, clipes e em apresentações teatrais. Sébastien Foucan, o criador do free running, gravou as cenas de ação iniciais do penúltimo filme da série estrelada por James Bond, “007 - Cassino Royale”. O grupo Yamakasi, o mais influente na arte, tem um filme homônimo e já participou do famoso Cirque du Soleil em sua turnê européia. Já o free running foi tema dos clipes da Madonna das músicas Jump e Hung Up. Há ainda um documentário da Discovery Channel nomeado Jump London no qual Foucan e seus companheiros de arte falam sobre a criação do parkour, sua separação do grupo de Belle, e sobre o desenvolvimento do free running. Esse documentário é encontrado dividido em cinco partes no site de vídeos Youtube (www.youtube.com). Curiosamente David Belle sequer é citado por Foucan no vídeo.

O grupo Yamakasi inicialmente era formado por David Belle, Yann, Chau Belle e Sébestien Foucan, mas dividiu-se em razão de brigas e desentendimentos internos. Muitos fãs acreditam que se não houvesse a separação do grupo, a arte não teria se popularizado tão rápido. Belle e Foucan divulgaram muito suas próprias criações e adaptações após abandonarem o Yamakasi.

Hoje, o Yamakasi é considerado um estilo variado do parkour, mais estético, acrobático e livre, mas com a mesma disciplina original de humildade e eficiência, o que também o difere do free running. Assim como Foucan, os demais yamakasis aparentam alguma mágoa com relação à Belle, pois nunca usam o termo criado por ele e sim a palavra original parcours ou l’art Du deplacement. Belle junto a seu amigo não trauceurs Hubert Koundé, criaram o termo parkour para se referir à arte. Koundé sugeriu o uso da letra ”k” no lugar do “c” de “parcours” para tornar o nome mais agressivo, e retirou o “s” da palavra em alusão a disciplina de eficiência, pois o “s” era silencioso e desnecessário para a pronuncia do termo.

O grupo ParkourCampinas foi formado há cerca de três anos e era composto inicialmente por seis integrantes. Entre eles, apenas André “Lemão” e Diogo Moreno continuam na equipe atual. O grupo treina em diferentes cidades do estado de São Paulo mas, como os próprios membros afirmam, Campinas é o lugar em que mais gostam de treinar, principalmente na lagoa do Taquaral e na Praça Arautos da Paz.

Viver da prática de artes como o parkour não é fácil, principalmente em países em que a modalidade não é muito conhecida e por isso não tão valorizada, como no caso do Brasil. Diogo Moreno, o Digo, um dos dois membros originais da ParkourCampinas hoje se dedica completamente ao “esporte”, faz treinos diários, cada dia em algum lugar diferente para inovar sua técnica, e tem como único “ganha-pão” as apresentações do grupo, mais correntes nos últimos meses do ano.

“Os demais fundadores do ParkourCampinas deixaram a equipe devido a necessidade de um trabalho com salário fixo. Apenas um largou o grupo por motivo diferente. Mudou-se para a Europa, onde ainda pratica a arte” afirma Digos.

O grupo divulga a arte em eventos promocionais tanto na cidade quanto fora e costuma viajar para outros estados para encontrar outros praticantes. O encontro entre traucers é muito comum no país e costuma haver pelo menos um grande evento nacional ao fim de cada ano. Para Digo, o que mais lhe atrai no parkour é a ausência de competições e disputas. Para ele, esse é um dos principais responsáveis pela grande amizade existente entre traucers de diferentes lugares e pelo grande número de encontros.

Questionado sobre o freerunning, Digo tem uma opinião conservadora: “admiro a modalidade por sua beleza, mas não me interesso em praticá-la. Sou adepto do parkour original, criado por Belle, prego sempre a eficiência e objetividade dos movimentos”.

Para os iniciantes, o essencial é não pular etapas e respeitar o corpo, pois um acidente na arte pode ser fatal. Para integrar o ParkourCampinas basta começar a freqüentar os treinos, que são grátis, e que ocorrem todos os finais de semana sem local fixo. Para saber onde serão os treinos, basta procurar a comunidade Parkour Campinas no site de relacionamentos Orkut. Os membros do grupo informam o local toda semana.

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